terça-feira, 2 de julho de 2013

Democracy - Laurie Lipton

Para quem ainda não sabe, laurie Lipton é minha artista favorita, admiro ela não apenas pelos seus traços absurdamente impressionantes, mas principalmente pela sua forma de inserir nos seus desenhos diversa formas de críticas sociais de forma meio obscura e perturbadora. Mais uma vez venho aqui fazer uma interpretação (como uma mera mortal) de uma de suas obras.

"Democracy", charcoal & pencil on paper,28x34.5"
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Claramente vimos neste quadro uma visão determinista a respeito de nossa política do séc. XXI. O que conhecemos como democracia? Basta irmos atrás de um pouco de informação referente a este termo que logo veremos que o título da obra não passa de uma grande sátira, Algo que Laurie Lipton sabe retratar muito bem em sua arte hiperrealista.

“Democracia vem da palavra grega “demos” que significa povo. Nas democracias, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo.”


“As democracias conduzem regularmente eleições livres e justas, abertas a todos os cidadãos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo.”
Para saber um pouco mais sobre o que é e o que representa a democracia, acesse o link:
http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/what.htm

Durante muito tempo pensei nesta imagem como uma representação de uma crítica sobre a democracia geral, no entanto recentemente passei a observar que de certa forma ela PODE estar mais voltada para uma crítica a democracia norte-americana.
A imagem faz referencia ao governo americano, a política norte-americana democrática pluralista onde a autoridade governamental é dividida entre vários centros de poder abertos aos interesses de vários grupos. Os Estados Unidos não têm apenas um sistema eleitoral, mas dois — um para o presidente e outro para os membros do Congresso. Ambos contribuem para a descentralização do poder.

“O maior triunfo dos Estados Unidos no chamado Século Americano não foi econômico, político ou mesmo militar. Foi na propaganda — na venda para o mundo da imagem de terra da liberdade, na propagação do assim chamado sonho americano.”
http://diariodocentrodomundo.com.br/por-que-os-americanos-nao-estao-nem-ai-para-as-eleicoes/

O ponto central aqui a ser observado é o controle das massas pelo alto poder por trás do governo, este poder poderia ser o legislativo, o judiciário e/ou o executivo. Esses poderes podem ser observados na imagem através da personificação desses homens bem vestidos que se encontram no lado direito desta obra, você pode observar que na mão do primeiro homem há uma espécie de controle que ao ter o botão apertado ele abre a tampa do caixote onde a “massa” se esconde, controle que representa a manipulação do que está aberto ao público... Claramente a imagem de que a população é constantemente ludibriada pelo governo a ver somente o que for do interesse, não ao bem comum.

Dentro do caixote que o homem do lado direito controla para abrir estão várias pessoas, este é o povo sendo controlado, a tampa do caixote representa o controle das massas, o povo somente enxerga a alegria de uma sociedade falsa, estão totalmente absortos da realidade e somente veneram o controle vigente sem qualquer interesse de desmistificação devido a lavagem cerebral.
Uma política de pão e circo se faz evidente ao observarmos o palco extremamente iluminado e a imagem do político carismático repleto de controle e retórica com um sorriso estampado no rosto. No entanto este político não passa de um verdadeiro marionete controlado pelos poderes governamentais que falei anteriormente, ele é apenas um símbolo para o público em um governo.

É perceptível que o fato ocorre dentro de uma espécie de fábrica, esta é uma fábrica que “produz políticos-marionetes”, seres acéfalos produzidos em massa com o intuito de controle massivo que por meio de persuasão e retórica controlarão as multidões. As formas de manipulações são as mesmas, independente da região, independente do povo.

Esta obra pode nos remeter ao mito da caverna de Platão no livro VII de A Republica de Platão,
O palco com toda aquela alegria e descontração iluminado por holofote seria a parede onde passam apenas às sombras, vemos estas sombras e acreditamos que elas sejam a verdadeira realidade:
Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia). Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/caverna.htm

O mundo é caótico, mas a luz ainda tende a nos cegar...

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